A região platina é banhada por vários rios navegáveis. Os principais são o rio da Prata, o rio Uruguai, o rio Paraná e o rio Paraguai. Através desses rios, mercadorias de vários países sul-americanos e europeus chegavam aos portos de Buenos Aires e Montevidéu, de onde seguiam para o interior do continente. Ou eram exportadas para a Europa. Ao Brasil interessava que suas embarcações pudessem navegar livremente pelos rios da região: é que o comércio com o Mato Grosso era feito por via fluvial, pois naquela época havia pouquíssimas estradas. Pelos portos de Montevidéu e Buenos Aires, às margens do estuário do Rio da Prata, escoava todo o comércio platino do século XIX.
Muitos negociantes ingleses e sul-americanos aí instalados lucravam com esse comércio. Além de disputarem o comércio da região platina, os sul-americanos disputavam também as terras férteis e de pastagens existentes nessa área. Era comum um país desrespeitar a fronteira do outro. Daí nascia o desentendimento e logo a seguir o conflito armado.
A luta contra Oribe e Rosas
Em 1828 a Província Cisplatina conseguiu sua independência e passou a se chamar República Oriental do Uruguai. A partir daí, dois partidos políticos passaram a disputar o governo do Uruguai: o Partido Blanco, chefiado por Manuel Oribe, e o Partido Colorado, chefiado por Fructuoso Rivera. Os blancos eram em sua maioria criadores de gado. Entre os colorados predominavam os comerciantes de Montevidéu.Em 1834, Manuel Oribe foi aleito presidente do Uruguai e, para se fortalecer, aliou-se ao ditador argentino Juan Manuel Rosas. Apoiado por Oribe, Rosas mandou bloquear o porto de Montevidéu, impedindo a livre navegação em direção ao Mato Grosso e prejudicando os negócios brasileiros no Uruguaios.
A fim de defender seus interesses econômicos, o Brasil resolveu invadir o Uruguai.Para isso, aliou-se aos colorados e às províncias argentinas de Corrientes e Entre-Rios, que não aceitavam o poder de Rosas. Em1851, um poderoso exército, formado em sua maioria por brasileiros,combateu e derrotou Oribe, colocando no governo do Uruguai um político do partido Colorado. No ano seguinte, esse mesmo exército venceu Rosas. A Argentina passou então a ser governada por um aliado do Brasil. Com essas intervenções, o império brasileiro conseguiu manter a liberdade de navegação nos rios da região e colocar seus aliados nos governos do Uruguai e da Argentina.
A luta contra Aguirre
Os conflitos de fronteira entre brasileiros e uruguaios eram bastante comuns naquela época. Tanto os fazendeiros gaúchos quanto os uruguaios costumavam atravessar a fronteira entre os seus países para atacar fazendas e roubar gado. O governo brasileiro enviou vários protestos ao governo uruguaio de Atanásio Aguirre, mas não teve resposta. Em 1864, porém o Brasil ameaçou: ou o Uruguai pagava a indenização pelo gado roubado, ou seria invadido.Aguirre reagiu rompendo relações com o Brasil e pedindo o apoio de Francisco Solano López, presidente do Paraguai. Então o Brasil aliou-se aos colorados e invadiu o Uruguai para combater o chefe blanco Atanásio Aguirre. O general Mena Barreto comandou por terra a invasão do Uruguai, conseguindo a adesão dos colorados, liderados por Venâncio Flores, enquanto a esquadra brasileira, comandada pelo almirante Tamandaré, postou-se diante da capital uruguaia. Montevidéu se viu cercada em curto espaço de tempo. Aguirre renunciou e as exigências brasileiras foram atendidas. O Brasil venceu a guerra. Mas a intervenção brasileira provocou a reação do poderoso aliado de Aguirre: o presidente do Paraguai, Francisco Solano López.
A Guerra do Paraguai (1865 – 1870)
O Paraguai, há pouco mais de cem anos, era uma exceção na América Latina, por sera única nação que sobrevivia sem capital estrangeiro. O longo governo de Gaspar de Francia (1814-1840) criara condições para um desenvolvimento econômico auto-suficiente. Francia apoiou-se nas massas camponesas, aniquilando a oligarquia Paraguai, ao mesmo tempo que se isolava de seus vizinhos, comprometidos com o capital inglês.Os governos que sucederam Francia mantiveram essa mesma postura e, em 1865, o Paraguai contava com uma linha telegráfica, uma ferrovia e um bom número de indústrias de materiais para construção, tecidos,papel, tinta, louça e pólvora. Técnicos estrangeiros supervisionavam essa produção, recebendo um régio ordenado por sua colaboração. Todo o material bélico era produzido no país. A frota mercante era nacional e não era poucos os navios construídos nos estaleiros de Assunção. As atividades econômicas essenciais eram controladas pelo Estado, sendo exportados produtos com oerva-mate, tabaco e madeira. A balança comercial apresentava superávit, a moeda mantinha-se forte e estável, havendo riqueza suficiente para investimentos em obras públicas, sem recorrer a capital estrangeiro. Conforme Eduardo Galeano, “98% do território Paraguai eram de propriedade pública. O Estado cedia aos camponeses a exploração das parcelas em troca da obrigação de povoá-las, e explorá-las de forma permanente, sem o direito de vendê-las. Tinha além disso 64 ‘Fazendas da pátria’ administradas pelo Estado.
Nacionalismo paraguaio desagrada à Inglaterra
A Inglaterra preocupava-se com o desenvolvimento nacionalista do Paraguai, que poderia servir de exemplo aos outros países sul-americanos. O embaixador inglês em Buenos Aires, Edward Thornton, elaborou com o presidente da Argentina, Bartolomeu Mitre, o plano que culminaria como acordo argentino-brasileiro, selando a sorte do Paraguai.Ofensivas de Solano Lopes
Solano López, presidente paraguaio, se opusera à invasão brasileira no Uruguai, argumentando que essa medida contrariava interesses de seu país. Em1864, não sendo atendido em seus apelos, aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda e, em seguida, atacou a cidade de Dourados, em Mato Grosso.Tríplice Aliança
Em maio de 1865,Brasil, Argentina e Uruguai firmaram um tratado criando a Tríplice Aliança, cujo comando coube ao presidente argentino Mitre.Batalha de Riachuelo
Na primeira fase da Guerra do Paraguai, os brasileiros, chefiados pelo almirante Barroso, venceram os paraguaios na Batalha de Riachuelo. Em maio de 1866, desenrolou-se a Batalha de Tuiuti, em que as forças paraguaias sofreram pesada derrota. Em setembro, no entanto, brasileiros e paraguaios foram batidos em Curupaiti.Substituição de Osório por Caxias: sucessão de vitórias
Os desentendimentos entre o general Osório, comandante das forças brasileiras, e o argentino Mitre, levaram D. Pedro II a substituir Osório por Caxias no comando-geral das tropas brasileiras. Em 1867, os brasileiros fracassaram na tentativa de retomar Mato grosso, ocupada pelos paraguaios, culminando com a Retirada da Laguna. Ainda em 1867, o Uruguai e a Argentina se retiraram da guerra. Caxias reorganizou então o exército, conseguindo mais armamentos, aumentando a quantidade de suprimentos e tornando mais eficientes as operações militares brasileiras. Resultou daí uma série de vitórias,especialmente em Humaitá. Em dezembro de 1868, Caxias conseguiu sucessivas vitórias nas batalhas de Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura.Paraguai derrotado
No início de 1869, Assunção foi finalmente tomada pelo exército brasileiro. Caxias cedeu o comando das forças brasileiras ao genro de D. Pedro II, o conde D’Eu, que empreendeu violenta e desnecessária perseguição a Solano Lopes, que morreu em 1870 na Batalha de Cerro Corá. No final da guerra, a população do Paraguai ficara reduzida a menos da metade da existente em 1867. A partir de então, o Paraguai se transformou num paraíso para os produtos estrangeiros e para os latifundiários, enquanto a miséria se tornou a herança legada à imensa maioria de sua população. Os países vencedores, Brasil, Argentina e Uruguai, saíram da guerra mais endividados do que nunca com os bancos ingleses. O Paraguai, por sua vez, aceitou o primeiro empréstimo financeiro de sua história – inglês, naturalmente. No Brasil, o fim da Guerra do Paraguai marcou o início da decadência do Segundo Reinado.(Excerto: Capítulo XIV da Apostila de História do Brasil, de autor desconhecido)
Parte das aulas de História do Brasil para o Pré-vestibular Comunitário Ganga Zumba
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