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Decadência do Império no Brasil

Apresentação

Muitos fatores contribuíram para a queda do Império, porém, dentre eles há um fator fundamental: a abolição da escravatura em 1888. O Brasil foi o último país do mundo a acabar com a escravidão e com o fim desta,caiu o principal grupo de apoio do Império, a aristocracia rural.

Principais fatores da decadência imperial brasileira (1870-1889)

  • Acirramento das disputas políticas: De 1853 a 1868, prevaleceu a conciliação, onde liberais e conservadores se alternavam pacificamente no poder. Isso termina no meio da Guerra do Paraguai levando a um novo momento de acirramento das disputas políticas e radicalização dos confrontos.O tráfico interno de cativos: Desde 1850 com o fim do tráfico de escravos no atlântico, tem início no país um amplo comércio de escravos internamente. Existem fluxos: interprovincial, de áreas mais decadentes como o Nordeste, para áreas mais dinâmicas, claramente o Sudeste; intra provincial, de áreas menos dinâmicas para mais dinâmicas em uma mesma província; e interclasses: de classes inferiores para classes dominantes.
  • Abolicionismo: Aumentam as pressões externas e internas pelo fim da escravidão. No Brasil,surgem diversos grupos abolicionistas com jornais e atos contra a escravidão. Em São Paulo, organizam-se os caifazes na década de1880, são homens livres que organizam fugas escravas. Paralelamente a isso, aumentavam drasticamente as resistências escravas, com várias fugas, suicídios, assassinatos de senhores e formação de quilombos. Com o fim da Guerra do Paraguai (1870), a luta pela abolição da escravatura ganhou o centro dos debates políticos,produzindo sérias agitações sociais.
  • As leis paliativas: Com toda essa pressão, o Congresso aprova em 1871 a Lei do Ventre Livre,que liberta os filhos de escravos. O Norte e o Nordeste, já com pouquíssimos escravos, votam maciçamente a favor e o Rio Grande do Sul e Sudeste votam amplamente contra a lei. Em 1885, aprova-se a Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos que eram pouquíssimos, na verdade.
  • A ascensão da aristocracia do Oeste paulista e a imigração: O fim da escravidão não representou, contudo, o declínio da economia cafeeira. Com o crescimento da produtividade do café no Oeste paulista nessa mesma época, teve início, nessa região a transição do trabalho escravo para o trabalho livre assalariado através da imigração europeia.Os proprietários paulistas passam a trazer imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras, com o pagamento das viagens feito pela província de São Paulo. Na década de 1880, as viagens passam a ser maciças. Os imigrantes aqui chegados encontram péssimas condições de trabalho, próximas até daquelas encontradas anteriormente no regime de trabalho escravo. Outra questão se relaciona com a falta de representação política dos cafeicultores paulista no centralismo monárquico, o que gerou os anseios federalistas desse grupo.
  • O movimento republicano: Em 1870 surge no Rio de Janeiro o Partido Republicano, que logo ganha força em outros estados. Elementos centrais do pensamento republicano eram o federalismo e o positivismo. O republicanismo e o positivismo vão ter grande penetração no Exército.
  • A questão militar: Somente após o fim da Guerra do Paraguai o exército brasileiro, até então reconhecido como instituição secundária, torna-se uma unidade consciente de sua força e importância para o país. Da mesma forma passam também a se organizar politicamente e a expressar suas opiniões políticas, dentre elas a defesa do republicanismo. Em virtude de tais acontecimentos, ocorre um incidente: o imperador se indispõe com uma série de militares simpatizantes à abolição e ao republicanismo que haviam deixado claro em público essas tendências. Um dos punidos pelo Império por estas tendências é Deodoro da Fonseca, que era presidente da província do Rio Grande do Sul e foi destituído do cargo, o que contribuiu para aumentar ainda mais o descontentamento dos militares com a coroa.
  • A questão religiosa: Segundo o regime de padroado, o Império brasileiro pagava os padres como funcionários públicos e interferia diretamente dentro dos assuntos da Igreja no Brasil. D. Pedro II se coloca contra a Igreja quando uma Bula Papal passa a condenar a maçonaria. Bispos brasileiros, seguindo a ordem do Vaticano, haviam suspendido irmandades com maçons. D. Pedro II prende estes bispos, dando princípio a uma grande crise entre a Igreja e o Estado e com o pedido de bispos de separação entre Estado e Igreja. Este fato contribuiu para afastar a Igreja do Império num momento em que acrise da monarquia já adquiria forma.
  • A abolição no Ceará e no Amazonas: Com toda a pressão interna e externa e com a resistência escrava, a abolição se tornará inevitável. Primeiramente, as províncias que praticamente não tinham mais escravos abolem unilateralmente a escravidão. É o caso do Ceará e da Amazonas em 1884.
  • A abolição: Com um afastamento provisório do monarca, sua filha Isabel manda um projeto para o Congresso com o fim imediato da escravidão sem indenizações.É aprovado e tem fim a escravidão no país em 1888. No entanto, a maioria dos escravos brasileiros foi libertada pelas leis paliativas,ou fugiram, ou compraram sua liberdade entre 1850 e 1888. Com a Lei Áurea, apenas 500 mil escravos são libertados. Isso desfaz a base política imperial e vários fazendeiros do Vale do Paraíba viram“os republicanos de 14 de maio”.
  • A situação dos libertos: O fim da escravidão no Brasil foi feito gradualmente entre 1850 e1888, constituindo a maior transformação social na história do Brasil. Isso não quer dizer que esses ex-escravos viraram pequenos proprietários ou trabalhadores assalariados. Regimes de trabalho opressivos similares à escravidão prevaleceram no campo, o que fez com que muitos libertos fossem para as cidades. Alguns abolicionistas defendiam uma reforma agrária complementar à abolição que desse terras aos libertos. Não foi adiante no Império nem na República pela obstinada defesa da propriedade pelos parlamentares. Tais fatores conduziram a um isolamento da monarquia entre os principais grupos sociais, tanto da aristocracia rural, como dos setores urbanos e militares, precipitando assim a proclamação da república.
Excerto: desconhecido


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